quarta-feira, 25 de agosto de 2010

domingo, 8 de agosto de 2010

Dia dos Pais

Meu pai já se foi e ainda sinto muitas saudades.
Não é com orgulho que digo que não lembrei de seus aniversários.
Me sinto um pouco culpada e relapsa. Sempre fui assim com datas.
Mas ao mesmo tempo digo que durante esses dois anos sem ele,
foram poucos os dias em que eu não pensei em meu pai.
Posso até dizer que pensei nele nas datas especiais, porém sem reverenciar o dia como deveria.
Hj posso fazer diferente, e homenagear o quanto ele foi importante em vida.

Apesar dos problemas que ele tinha e que eu tinha, amei muito meu pai, sofri muito por ele.
Rezei por ele quando era criança e não entendia bem o que acontecia, mas sabia que tinha algo errado, rezei quando era criança para ele ficar bom. Naquela inocencia toda que a idade me proporcionava.

Quando cresci mais um pouco, na minha adolescencia, eu enxerguei que o fato nao tinha a ver com fé em Deus e sim fé em meu pai.
Que era só ele ter força de vontade suficiente para as coisas melhorarem.
E sofri pq a força de vontade dele nunca veio, ou se veio não foi tão forte.

Então, no final da minha fase rebelde e entrando na fase adulta, eu passei a ser dura com ele, pq eu sentia raiva. Raiva pq eu não conseguia fazer nada.
E eu tentei, tentei e tentei. A unica forma que eu vi que poderia ajuda-lo, foi de sempre falar a verdade para ele, mesmo que doesse muito, e acreditem - doía nele e em mim.

Mas ainda sim, não consegui, e nem meu irmão conseguiu. E ai a gente foi desistindo devagar.
Até nascer minha sobrinha, que foi como uma luz que envolveu meu pai e aqueceu ele de uma forma terna e cheia de amor. E ele melhorou e se cuidou e eu fiquei feliz e aliviada.
Mas já era tarde... já era tarde.
Não tinha volta, o corpo dele já não tinha forças.

Qdo ele realmente ficou ruim, eu estava grávida, não podia ir vê-lo. Ele mentia para mim e dizia que estava bem. E eu quis acreditar nisso. Eu não estava feliz na época, a minha filha, minha gravidez, que me deu forças. Me ergueu.

A última vez que falei com meu pai, foi quando minha filha nasceu.
Pelo telefone, eu estava no hospital, liguei para dizer que tinha dado tudo certo.
Ele ficou feliz e se emocionou, e eu disse:
"Pai, assim que der eu vou levar ela ai para o senhor conhece-la"

Mas isso nunca aconteceu. Ele foi internado no mesmo dia.
E ele dormiu para sempre 22 dias depois.
Eu sei o quanto ele estava assustado, e o quanto ele queria viver, pela minha sobrinha talvez,
que deu um novo sentido para ele.

Só que a vida é feita de escolhas.
E ele não tinha feito as escolhas que eu gostaria que ele tivesse feito.

Hj é um dia especial para muitos, e aconselho a sempre
deixar claro o qto seu pai é importante para você.
Eu sempre fiz isso, pq cada vez q eu ia embora eu não sabia se eu o encontraria de novo. E isso me dá um pouco de paz.

Diga que ama sem medo, diga que sente falta, e que por mais que vc não siga seus conselhos, você escuta, considera e tira oq vc julga ser produtivo.
Se ele tiver problemas tente ajudar por mais que pareça que não há esperança.
Você vai encontrar um jeito, assim como eu fiz.
E se vc não tem costume de conversar com teu pai, dê inicio agora.
Ou então veja um programa de tv juntos, nem precisam trocar palavras. Passe um tempo com ele.

Pro meu pai, bastava ele saber que eu estava lá, que ele estava bem com o coração dele.
Mas qdo ele dava brecha eu sempre tentei conversar, e ele tb. Ele gostava de conversar.
Meu pai era uma otima pessoa, e tinha um potecial enorme de ser alguem, pq ele era inteligente,
lia muito, sempre informado. Conseguia conversar sobre qualquer assunto. Tinha bom gosto para música (graças a Deus), e sempre amou muito, amava tanto que sufocava.

Hj sinto falta de me sentir sufocada.

Eu amo olhar para o céu qdo passa um avião, adoro ver eles decolarem, pq qdo eu era pequena
meu pai morava perto do aeroporto e levava a gente para ver os aviões, e os para-quedistas saltarem. Hj em dia qdo vejo um avião eu me lembro dele. Se eu escuto Dire Straits, eu me lembro dele. Se alguem esta vendo Discovery eu me lembro dele. Se alguem usa o desodorante Axe, eu me lembro dele mais ainda. Quando eu penso na minha infância, eu me lembro dele. Minha infancia de pé no chão e terra, de vó fazendo pão caseiro e tomando suco tang, zé gotinha, andorinhas no céu, tombos, primos, minha infância na minha cidade natal ... foi maravilhosa.
Agradeço a ele sempre e sempre.

Então é isso. Minha pequena homenagem a esse homem que me ensinou mesmo não se dando conta, e que os problemas foram grandes mas o amor também foi.

Pai eu amo você.
Sua essência e energia sempre estará no mundo e em mim.
Eu aprendi a te ver nas coisas simples.

Maíra Sperançolo



terça-feira, 3 de agosto de 2010

A gente ainda não sabia

A gente ainda não sabia que a Terra era redonda.
E pensava-se que nalgum lugar, muito longe,
Deveria haver num velho poste uma tabuleta qualquer
— uma tabuleta meio torta
E onde se lia, em letras rústicas: FIM DO MUNDO.

Ah! Depois nos ensinaram que o mundo não tem fim
E não havia remédio senão irmos andando às tontas
Como formigas na casca de uma laranja.
Como era possível, como era possível, meu Deus,
Viver naquela confusão?
Foi por isso que estabelecemos uma porção de fins de mundo...